quinta-feira, 28 de julho de 2011

Do vício.

Quando eu bebo vodka com guaraná
fumando e jogando ao vento conversas
cinzas de mim mesma,coisas de há tempos
vejo como sou multidão desses tantos sentimentos
coisas asism que não sei explicar
São hibridos dos devaneios com um simples respirar

E quando fico tensa,porque tensão é se inquietar
eu fico sussurando desejos,coisas de se lamentar
Fico perdida no tempo e nas promessas
nas palavras e mais palavras
infinitas palavras de mim.

Quando compulsiva vou me saciar
sei que é só mais uma forma de me matar
assim como todos os meus outros vícios
me levam aos poucos para amar.

domingo, 24 de julho de 2011

Da Auto-estima.

Chegando cansada despiu-se lentamente, como desembrulhasse um chocolate fino.
Pouco a pouco desceu-lhe nas pernas o vestido esgaçado, fingido de si mesmo,de ombros intolerantes, provocante.
Andou lenta como uma garça rosa e tímida,mas faminta à beira do rio.
Rio de provocaçoes, de desejos..

E sorriu a boca de dentes e língua , levantando uma só sobrancelha.Sempre a direita .
E foi quando mostrou-se completamente inteligente na sua sensualidade pouco contida,mas certamente homeopática.
O Corpo era fartado de curvas, considerado deveras voluptuoso.
Não entendia como as outras descartavam suas oleosidades para se sentirem plenas.
Para ela não.
Somente estar perfumada e sorrindo  basta pra ser feliz.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Beirada do tempo.

Senti os pés esfriarem e com a náusea esperada ,saltei no vento, no espaço rumo aos céus.
Vi todo o tipo de alegrias.Vi a minha mãe me ninando depois do jantar,meu irmão correndo assustado com medo de palhaço,meu pai me tirando os medos,meu primeiro beijo,meu último amor...
Vi tudo isso e muito mais!As flores lilases que coloquei no leito de minha avó ,o beijo cálido que dei em sua face gélida,como que o meu beijo cheio de amor e saudade acordasse do momento mórbido àquela voz que enchia minha vida de alegria , enchia a casa de felicidade e o jardim de pureza.

Tudo passou-me à frente dos olhos, como lances de mim, flashes de tudo.Tudo era uma coisa só,era parte de outras partes que coabitavam dentro de algo que esmorecia lentamente , estrebuchando os pés sem chão.Coisas tão pequenas e singelas.

Nada dava lugar à dor,pois esta já de mim se ia.Havia certo prazer em sufocar,em não respirar, em não mais ser.Havia o que eu deixava de ser...eu era alegre.Meus lábios sorriam pro tempo.Ahhh! Tempo...quando eu não vivia nas tuas beiradas!Participastes tanto dos meus anseios,te atropelei tanto.Quando menina, queria ser mocinha.Quando mocinha, já me era essa mulher.Quando mulher, já não havia mais futuro...nem jeito pro passado.Ah,Tempo!É tempo de me ir.

Tudo me foi meticulosamente calculado.Cortei as amarras,uni as pontas que me levariam,apertei os nós.Nó da minha garganta que me cortava a voz, molhava-me os olhos de emoção.Sempre fui chorona.Chorava quando via os pedintes,chorava de solidão,chorava de amor.Eu chorei também de muita felicidade! De ter vivido o amor de minha infância,de ter rompido com desamores,de ter sido lembrada quando não esperava...agora uso o nó da minha garganta em meu favor.

Ergui bem no alto o laço das minhas frustrações e pouco a pouco elas me foram sumindo, ao passo que eu ia subindo no banquinho de madeira.Sabe, eu aprendi a tocar violão nele.Sentei por várias vezes na calçada treinando, calejando os dedos, fumando cigarros,treinando a voz.Minha voz, em pensar que ela agora me falta.

Não escrevi nada antes.Não deixei partículas do meu dessorriso no ar.Queria manter minha alegria,mas ela paira no ar.Ah! Tempo...tempo de voltar!Mas já está feito.
Abri as asas contente.Deus há de me perdoar.Saltei em versos docemente no abismo lunar.Sai do poema, entrei na canção...canção solar.Que coisa eloquente, que jeito  mais singelo o de ir sem voltar.Dei adeus a mim mesma ,para a que vai e não para a que fica nos sorrisos, nas fotos, nas filmagens,nas citações, na alegria.

E falarão de mim no passado, contarão meus fatos inusitados.Estarei assim bem mais viva.
Não se vive para si,meus caros,mas para todas as vidas.A vida não nos é pertencente,tão pouco se vê isolada.A vida é corda enrolada de um pescoço pro outro, esperando,uma a uma o momento de saltar,da beirada do tempo.

domingo, 10 de julho de 2011

Gris.

Gosto que no meu peito não tenha nada
que na minha pele eu viva tudo
de deixar sem jeito qualquer sujeito de pau maior que o meu
 gosto de  deixá-los mudos.
Gosto de passar a ternura da minha indocilidade
Chamo  atenção
 por  efusividade
ou por  beijos de libertinagem.

Gosto ,porque nos meus dedos há outros dedos
e todas as minhas palavras são roucas
e cinzas de tanto cigarro
gris de mim .
Meus risos são febris, delirantes e hostis .
Sou um triz
Sou Feliz!

sábado, 2 de julho de 2011

...E depois,nós.

Já nos entrelaçamos antes.
Minha voz entrou na tua voz
teu violão entrou no meu violão
Nos amamos na canção.

Partiu do desafinado
nasceu a canção inteira
gestos e gestos...sons
sons e sons...nós

Partiu do inesperado
do desejo solicitado
de uma letra tão sem melodia
de um coração quebrado

Partiu do desencontro
dos graves e agudos
das bocas...
das pernas...

E entrelaçamo-nos por segundo
por terceiros...
dentro da noite vaga,gelo
dentro em mim, ele inteiro.

Tivemos sorte no soar
tivemos um bom casar de vozes
no pulsar de sensações
na desastrada sinfonia
Da vida.