sábado, 11 de setembro de 2010

Do medo.

Eu não conheço certeza  na vida...

A pouca que tive foi quando o vulto de medo passou para lá e para cá e, quando dei por mim , ele já havia conseguindo se alojar nos pequenos,nos minúsculos...Não!Eram fragmentos !Partículas pobres  de sentimento que vagavam de um peito para meu  peito, de uma  boca para a minha  boca, de um olhar para  meu olhar.Ontem eram puras,depois foram duras,mas sempre foram pranto.

Aí eu me assumi medrosa mesmo,mas do jeito avesso.Eu não deixo meu medo fugir de mim afora.O meu medo só mora em mim,me consumindo.É medo de pensar,por isso ,ele  não entra na minha razão,na minha mente.Ele só corre dentro de mim em ondas quentes e frias .Também nas tonturas matinais e  vive da pressão  que meus pulmões me fazem quando acendo um cigarro,sempre o último.

Tenho mais medo de ter medo.Pertenço mais a ele do que ele a mim.Ser do medo é não poupar-me das emoções fortes, porque ele sempre vai estar lá,em todas elas.Medo de amar é nascer para o ódio.Medo da dor é estar aberto pro prazer.Agora,ter medo de sentir, sinceramente ?Eu não entendo.Medo de sentir é perder contato,é viver anestesiado, é essencialmente não existir.

Por isso que eu sinto o medo.Dormimos juntos, nos abraçando fortemente .Por vezes ele me dá bons e até maus conselhos, se ausenta para eu não ter medo da coragem,depois retorna.Sou tão perfeita e humana com ele.Sou exata ,dentro da complexidade que ele me dá de ser eu mesma e de não ser nada.De fazer tudo e,principalmente, de sempre procurar algo mais a ser temido.

5 comentários:

  1. Pô, Carola, que texto bacana! Gostei da reflexão.. é sempre assim mesmo, né? Procuramos esse equilíbrio entre os opostos.. rs.. também me sinto um medroso corajoso.

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  2. acho que sou mais uma corajosa do Medo.

    Brigada pelo post Dani.

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  3. um texto que se anula em último suspiro, é um texto tão vivo que não precisa ser comentado. Vc tornou seu texto humano, através do ciclo. Mt bom.

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  4. Carola,

    O Ser humano só assume o seu verdadeiro eu "perfil" diante do existir, é no que não se é que se abre a possibilidade do vir-a-ser. A rigor, em relação ao humano, nem se poderá falar em essência: como diz Heráclito,“a morada do homem é o extraordinário”. O homem é o ente ao modo da experiência. No jogo trágico e tensional entre vida e morte é que se conjuga o existir. E na postura que assuma face à finitude da existência, a qual se encontra em permanente trânsito metamórfico, é que o homem vai poeticamente se plasmando. O poético não é, assim, mera forma literária, mas a essência do agir nas nossas ações e no que fazemos ou não fazemos é que se decide o que somos e não somos.

    E somos ou não somos a decisão que vai definir. mesmo que exista no ser existencial o medo da coragem ou a coragem do medo.

    Amei este blog também e já estou lhe seguindo.

    Bjss

    Hubner Braz
    hubnerbraz.blogspot.com

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  5. Existir, às vezes (muitas), dói.
    "Vire essa folha do livro e se esqueça de mim..."

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