quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Nicotínica

É justa a angústia matinal ?Não sei,não sei...

Acordo com a cafeína homeopática,deslizando os dedos pelo maço cálido das minhas angústias ,que consumidas ,uma à uma ,voam no vento,cinzas.

Conto nos dedos os minutos e detesto a maneira rude com que o relógio me corrige as horas,me fere no tempo,me culpa.

No meu tempo,meus olhos brilhavam inconstantes,minha boca sorria cintilante e meu corpo tremia todo com uma só voz.Ah,minha voz! Quando não era trêmula,rouca dos maus hábitos,das palavras torpes,das canecas de chopps ,dos desejos incontíveis,dos soluços de redenção.Ah,no meu tempo! Tempo em que era eu desmedida.

Hoje, não! Hoje me contenho em frases soltas, vestígios do tempo,letras e canções,isolamento.Sou aquela que sorri aliviada,mas com angústia no peito.Quem sabe se por dúvidas,desleixo,ou talvez por acomodação.Não sei,não sei...

Guardo de mim um grande mistério de reinvenção que, no pó das cinzas,na boca de alcatrão ,voa pelos ares ,levando a solução.

Um comentário:

  1. cada um guarda em si um punhado do irreconhecível e isso é que é a reinvenção.

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