sexta-feira, 30 de setembro de 2011

às 16h

Todos os dias uma alegria me domina de forma alucinante, de modo que meus pés seguem seu caminho e eu apenas sorrio em cada passada.Olho a janela e uma palmeira imperial,dona do meu ar, dona do meu céu,do que vejo,ventila a ardente conspiração do sol com o concreto do apartamento.Às quatro da tarde ,se entrelaçam as suas folhas e os pobres raios que se vão em sombras que  cobrem as paredes , que refletem na televisão,refletem a mim.
Ontem era eu amorosa, terna de sentimentos, todos os sentimentos de errar : amor, paixão ,gostar...
Hoje assim ,como todos os dias, sou  sorrir, gargalhar, sou a gaitada mais completa,mais irritadiça, mais reprovada.,mas efusiva.Meu riso esconde meu olhar.

Os muitos sons  pertencem à minha boca como desde o princípio.Meu pai me disse que sabia que eu seria muito  viva ,porque quando nasci, de olhos bem abertos, vi o mundo ao meu redor e não chorei, esboçando apenas um som baixinho e leve, como um balido suspiroso.Mas os olhos, os olhos eram felizes,audazes.

Quisera eu ser tão estrangeira ao ponto de meus olhos não mais me entregarem os anseios e as dores.O meu olho é mais que espelho da alma, são as digitais.São prova criminal dos sonhos, das alegrias, do bom, do ruim.De tudo sempre fui muito culpada.Meus olhos  como o sol, ardem de alegria, queimam em tristeza e ficam completamente nublados  na solidão,ora mostrando sua graça iluminada, ora não,enevoados, ficam completamente difusos e momentâneos nos eternos,lânguidos ...

Todos os dias, os dias de minha vida,saio no meio da rua alegre e desordenada,seguindo esperanças, seguindo copos, corpos e embriagues.
Todos os dias de minha vida, alegre de mim,fujo da incandescente  lâmpada dos céus que o tempo todo teima em revelar o que não quero ver,pois, às quatro da tarde ,se entrelaça aos meus olhos de palmeira seus  pobres raios que me mostram  em sombras que  cobrem  meu entendimento, minha harmonia...ao ter refletida na televisão,reflete a mim.

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